sábado, 16 de julho de 2011

CRAFT BIKE TRANSALP - 1ª Etapa - " A Heidi da marreta"

Primeira etapa do Transalp concluída. 96,55km, com 2200 metros de subida acumulada, em 4h09. Até parece pouco acumulado, mas se vos disser que este acumulada foi só de 3 subidas, com mais de 10km cada uma delas, já o cenário muda de figura. Por falar em cenário, posso dizê-lo, sem sombra de dúvida, que hoje assisti às paisagens mais belas dos meus 41 anos de vida. Os Alpes austríacos e o lago Ashensee também na Áustria junto a uma localidade com o nome de Perllisau, a cerca de 950 metros de altitude, vão ficar gravados na minha memória para toda a vida. Prometi a mim mesmo, que num futuro próximo voltarei aos Alpes, mas de autocaravana e com a família. Só pela etapa de hoje, já valeu a pena vir ao Transalp. O dia esteve também espectacular. Desde 15ºC na partida até aos 25ºC à chegada, e muito sol.


No aspecto competitivo, fiquei admirado pela confusão da partida. O conceito utilizado nesta prova é muito semelhante ao do que é utilizado nas provas da taça de maratonas nacionais, só que de um modo muito mais desorganizado. Haviam 3 boxes:  a primeira em que se posicionavam os vencedores dos anos anteriores e as equipas profissionais, e depois uma segunda e uma terceira boxe. Foi nestas duas que imperou a confusão. Supostamente seria o número do frontal a determinar a boxe de cada equipa, mas como havia apenas um elemento da organização a controlar a entrada na segunda boxe, a determinado momento, começaram a invadir esta boxe. Como o nosso frontal é o 49, avançámos também para a primeira boxe.


Dada a partida, às 10h00, rapidamente conseguimos chegar aos primeiros 10 lugares, mas logo ao inicio da primeira subida, ficou confirmado aquilo que já tinha quase como certo: a minha forma física já teve melhores dias. Zé, eu avisei! Já andava a avisar há algum tempo o meu companheiro Zé Silva, e não só, para não contar com grandes prestações desportivas nesta prova. Mas o Zé pensava que eu andava a fazer bluff. Zé, eu não faço bluff. Desde o Titan Desert que nunca mais consegui me sentir bem. Falta força, as dores musculares são acima da média e mais importante, a vontade e o espírito de sacrifício que é necessário para treinar depois de um dia de trabalho, nunca mais apareceu.
Hoje foi um dia muito complicado, mais do que para mim, foi para o Zé Silva. O Zé é um “cavalo de corrida” que está habituado a andar sempre na frente. Desde que começou a competir em BTT, há cerca de 4 anos, o mesmo número de anos que o treino, nunca passou pelo que foi obrigado a passar hoje. Hoje foi passado por mulheres, veteranos com mais de 50 anos, e até de um atleta com uma prótese numa perna! O Zé, demorou cerca de 50 quilómetros a digerir esta situação. Quase não falava e quando falava era para me dizer: “Bora que isso daqui a pouco melhora”. “Zé, garanto-te que não melhora”, dizia eu. A partir do quilómetro 50, perto do final da segunda montanha, lá tirou o chip de competição, e começou a apreciar a paisagem. Inclusive parou no meio da subida para fazer uma festa a uma vaca. Diga-se de passagem que a vaca era mesmo linda, não era a vaca roxa da Milka, mas estava muito bem tratada, com o pêlo brilhante e bem gordinha. Até tenho a impressão que a vaca olhou para o Zé e sorriu. Bem, se calhar eu já estava com falta de açúcar no sangue, ou então a Heidi que tanto procurei, tinha uma marreta e acertou-me mesmo em cheio.
Bem, vaca para trás, e terminámos a montanha mais longa do dia, que antecedeu uma descida também muito longa e algo perigosa. Com gravilha solta. Assistimos a algumas quedas aparatosas. Nestas descidas com dezenas de quilómetros, as máquinas e sobretudo os travões e discos são levados ao limite.
Depois rolámos uns bons quilómetros em asfalto, mesmo junto ao tal lago lindíssimo, e finalizámos com uma subida de 10km para a meta. Admito que esta já sobejou. Estava farto de subir!


A meta estava numa aldeia também lindíssima, onde estamos também instalados, com vista para os Alpes. Só visto, mesmo!
A organização tinha umas mesas montadas com fruta (melão, bananas e maçãs), barras de cereais (Corn do Lidl J ), e claro: cerveja. Eu bebi logo um caneco. Que bem que soube. Depois disto, é que veio o Fast Recovery, mas numa versão austríaca: com água com gás. Pois, vocês não sabem a dificuldade que é, em arranjar água sem gás, nesta zona!
Depois por curiosidade, fomos ver as classificações. Fizemos 42º nos escalão Elite. Muito melhor do que eu estava à espera! Tendo em conta que íamos a andar em ritmo quase de passeio, tenho a sensação que se eu estivesse ao nível que me apresentei no Titan, ficaríamos nos 10 primeiros. Só por curiosidade, a primeira equipa mista fez 14º na geral.
Amanhã é a etapa mais curta, cerca de 68km, mas uma das mais duras, com 2.900mts de subida acumulada. Vai doer. Mas neste momento o nosso principal objectivo é não cair. O segundo é chegar ao fim, e o terceiro é desfrutar deste ambiente espectacular e das paisagens lindíssimas. Depois disto, se der para subir uns lugares na classificação, não vou dizer que não ;)


Quanto às outras equipas tugas. Pelo que sei correu tudo bem, não houve grandes azares, segue tudo em prova.
Bem, são agora 18h00, já recebemos a massagem da Cristina Ponte, agora é hora da “pasta party”. Até amanhã.
Bem, entretanto como a minha placa Internet estava sem linha, já fui ao pasta party e agora estou no press-office. Posso dizer que estivemos mais de 40 minutos na fila para comer um prato de macarrão com molho de tomate. As bebidas eram a pagar, e salada ou sobremesa…niente! Ok, na desportiva, sem stress. Foi assim para quase todos. Lá tivemos que mandar vir mais dois canecos de cerveja… a 3 euros cada. Se estás na Austria, há que ser Austríaco.


Agora sim, até amanhã.
Vitor Gamito

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